sábado, 2 de janeiro de 2016

02/01/2016


Se a sorte se transmuta em vã mentira,
Trazendo-nos um mar de desenganos,
Profundos, impiedosos, tão tiranos,
E até os ledos sonhos nos retira...

Se a roda gira assim anos e anos,
E muda nossa sorte enquanto gira,
E apaga, desta vida, o fogo, a pira,
De acordo co’os mistérios dos arcanos...

Se o tempo assim se mostra mui vorace,
Deixando dentro em nós tamanho impasse,
Sigamos, sem receios, destemidos...

Se a sorte nos sorriu em tempos idos,
E agora assim nos deixa desvalidos,
Deixemos que nos bata em nossa face.

Edir Pina de Barros


Porquanto a vida seja tão mutável
Enfrentaremos vários descaminhos
E mesmo quando os vejo tão daninhos
O tempo noutro instante é mais amável.

O solo que pudera ser arável
E os ermos entre rosa e seus espinhos
Transcende aos vagos passos que; mesquinhos,
Tornaram minha angústia interminável.

Mas sei quanto pudera ter em paz
O todo que deveras já se faz
Num cântico pacífico e suave,

A vida se eclodindo qual crisálida
Que deixa esta figura quase esquálida
E segue muito além qual fosse uma ave.

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