quinta-feira, 5 de abril de 2018

Viver a eternidade em um segundo,
Com muita gana e tal intensidade,
E toda concretude e densidade,
D’um jeito nunca visto neste mundo.

Sentir n’um só segundo a soledade
Que habita no universo meu profundo,
Por entre os lodos meus, bem lá no fundo,
Viçando dentro em mim, na escuridade.

E libertar-me! Ir além de mim!
Para poder amar de novo alguém,
Sem essas mágoas, toda essa tristura.

Seria muito bom se fora assim...
Mas desta soledade sou refém,
E sigo assim, tão só, na noite escura.


Edir Pina de Barros


Viçosa primavera e na esperança
Da flórea sensação de ser feliz,
E vigorosamente o quanto eu quis,
Sem ter sequer temor algum avança,

O quanto se transforma em tal pujança
Pulsando dentro da alma e sei que fiz
Do céu bem mais nublado denso e gris
Um horizonte em paz que olhar alcança.

Porém ao acordar e ver em volta
A mesma turbulência sem sentido,
O sonho noutro instante dividido

Minha alma da esperança então se solta
E volta ao mesmo fúnebre cenário:
Retrato deste ser vão, solitário...

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