segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Mágoas

A chuva cai! Sussurra nas vidraças!
E dança tristes valsas contra os ventos,
Quais lágrimas de dor, de desalentos,
Que caem dos meus olhos quando passas.

Os pingos caem, quais os vãos lamentos,
Dispersam-se no ar feito as fumaças,
Quais vinhos se evaporam em finas taças,
Nos dias que sem ti são mui cinzentos.

Batendo nas vidraças rolam as águas
Das chuvas de verão, tão passageiras,
Que correm lassas pela terra afora.

Quisera que passassem as minhas mágoas,
Feito essas chuvas que passam ligeiras,
Que brincam na vidraça e vão s’embora.


Edir Pina de Barros

Reflete em teu olhar a desventura
De um tempo feito em fúria, medo e mágoas,
E quando além do sonho tu deságuas
A vida tão somente em vão tortura,
E o preço a se pagar, tanta amargura,
Apaga, da esperança, as suas fráguas,
Turvando as cristalinas, puras águas,
Hostil cenário torna a sorte escura.
Do céu que antes ciano, agora gris,
O quanto se perdera e nada eu fiz,
Olhando este horizonte se nublando.
Perdoe minha inércia, amada minha,
A morte simplesmente se avizinha,
Só falta por resposta o como e quando.

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