quarta-feira, 31 de outubro de 2012

31/10

Ainda que se pense noutro affaire
A vida não traria nova sorte
E sem talvez o que comporte
Não vejo mais o quanto amor me quer.

Há tempos desfolhara o malmequer
E nada do que venha me conforte,
Vagando sem sentido traço o corte
Deixando para trás o que vier.

Apresentando apenas solidão
Invento as emoções e nada mais.
Meus olhos com certeza não terão

O quanto se queria em saciedade
Os dias tantas vezes tão banais
Expressam o que resta em vã saudade.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

30/10

Quisera ser diverso do que sou,
Porém realidade não se cala
E vivo tão somente na senzala
Que o próprio descaminho preparou.

A vida se eclodindo em rock and roll
E o tempo na verdade me avassala
O tanto que pudera nada fala
Ditando este cenário que restou.

Deixando para trás os meus anseios,
Morena já não mostra os belos seios
E o verso se perdendo sem sentido.

As cãs dominam todo o meu caminho
E sei que prosseguindo assim sozinho,
Do quanto fora um dia, agora olvido.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

29/10

Sou eu quem tanto busca a plenitude
De um dia mais suave ou mesmo em paz.
O tanto que esperança ora desfaz
Produz e na verdade tanto ilude.

Sementes espalhando em solo rude,
O vento mais feroz e contumaz,
A sorte se deixando para trás
E nisto nada mais ora transmude.

Esbarro nos meus erros, mas prossigo
E tento conservar aqui comigo
Os restos do que fora um grande amor.

As rotas discordantes traçam erros
E sei dos meus anseios e desterros
Gerados num engano em dissabor.

domingo, 28 de outubro de 2012

28/10

Nas águas mais profundas do Pacífico
Mergulho em abissais e não te vejo,
Ainda quanto possa neste ensejo
Viver o sonho audaz e tão magnífico

E quanto mais o tempo eu mortifico
Vagando sem sentido vida afora,
A senda sem proveito me devora
E o fim do meu caminho ora edifico.

Compenso cada engano na esperança
Do dia que viria e tão somente
Trazendo o quanto a vida tanto tente
E neste descaminho ora se lança.

O quanto me restasse já condena
Na busca tão atroz desta sirena...

sábado, 27 de outubro de 2012

27/10

Sorrisos entre chagas? Não consigo,
A cada novo dia a mesma escara
Que tanto nos engana e se escancara
Traçando tão somente o desabrigo.

Afetos são diversos e prossigo
Tentando enaltecer a sorte rara,
Mas sei que a fantasia o tempo apara
E gera tão somente o desabrigo.

O mundo não traria melhor sorte
A quem se perderia e não comporte
O todo que se faz velha saudade.

Revejo a delicada face enquanto
Meu verso na verdade não garanto
Somente a mais sutil mediocridade.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

26/10

Havendo qualquer tom que possa além
Do manto consagrado da esperança,
Meu canto no vazio ora se lança
E sei que na verdade nada tem.

O prazo determina com desdém
A frágil ilusão em vil pujança
E quanto mais a vida não se alcança
O tempo noutro engodo se detém.

Vestindo a mesma rústica emoção
Sentindo os dias turvos que virão
Matando pouco a pouco o quanto reste.

Nas brumas deste céu, o anoitecer
Que tanto poderia perceber
Expressa dos temores frio teste.

TOLICES

TOLICES

Alérgico aos deslizes da paixão
Efervescências tolas, não as quero
Ferrenho lutador jogado ao chão,
Com amargas palavras me tempero.

O fogo que inda chama; uma abrasão,
Jamais viria inteiro sendo mero,
Milagres vão ditando a direção
Levando ao vão futuro tosco e fero.

Abraço cada sombra que deixaste,
Encarno mil espectros de um passado
Aonde persistindo num contraste

Trouxemos ao cenário este torpe ato.
E quando fui um tolo apaixonado,
Cuspiste estejas certa neste prato...

MARCOS LOURES

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

ESPERANÇA FINAL

ESPERANÇA FINAL

Enquanto a vida amarga me abandona
Tecendo o ato final da incrível farsa,
Minha alma que vagara tão esparsa
Volvendo num segundo chega à tona

E enquanto a poesia; minha dona,
Os panos da verdade; o tempo esgarça
Aonde quis pureza e graça, garça;
O medo toma a cena e a paz ressona.

Angustiadamente vejo o fim;
A morte me rondando, até que enfim.
Percebo que já não prosseguirei

Quem tanto se mirou na fantasia,
Agora no final inda recria
Castelos e imagina dama e rei...

ML

PONTO FINAL

PONTO FINAL


Minha alma se prepara pro jazigo,
Eterno companheiro de meus ossos,
Os erros se amontoam, vão comigo,
Pecados, todos meus, são também nossos.

Amortalhando o corpo que se vai,
As lágrimas fingidas de quem fica,
O pouco do que fui, assim se esvai,
Na morte a vida flui e se edifica

Remotas as lembranças, vida em vão,
Olhando de soslaio, vejo o fim,
Quisera ser semente, e deste grão
Brotasse nova vida, pois assim

Eternizando o mote/ vida e morte,
Seria bem diverso, o frágil Norte...


MARCOS LOURES

QUEM DERA SE EU PUDESSE

QUEM DERA SE EU PUDESSE

Quem dera se eu pudesse... Eu não faria.
A gente finge ser mais do que pode,
O mundo sendo grande porcaria,
Depois dá confusão, tremendo bode...

Tentei por algum tempo, a poesia,
Porém quem já não pode nem sacode,
Que vá cantar numa outra freguesia,
Não tenho nem talento que me açode.

Recordo a serenata, pobre ouvido,
Que toda a vizinhança reclamou,
Do amor que ela diz ter jamais duvido,

É necessário ter muita coragem,
Para enfrentar o que ela já encarou;
Se ainda duvida, leia esta bobagem...

MARCOS LOURES

FIM DE LINHA

FIM DE LINHA

Tentado tantas vezes por Satã,
Às vezes resistindo, outras nem tanto,
Jamais pensei ser casto, puro ou santo,
Mas sei que qualquer luta nunca é vã.

Olhando o pouco tempo, no amanhã
No rosto se estampando o desencanto,
Eu não merecerei sequer teu pranto,
Opaco e sem sentidos meu afã.

Prefiro a solidão de uma montanha,
As luzes no horizonte me inebriam,
Fantasmas e delírios, sonhos criam,

A sorte de viver; sei que é tamanha,
Mas rasgo o coração e assim exposto,
Aos poucos, pela vida decomposto...

MARCOS LOURES
25/10

Ainda que pudesse ter no olhar
A força transparente de quem busca
Vencer a tempesta sempre brusca
E noutro instante um calmo clarear.

O peito em desatino se perdendo,
O verso sem sentido e o tempo rude,
Fortuna que deveras nos ilude
E o quanto se apresenta em tom horrendo

Meu mundo não se mostra em plena luz
Ausento-me do sonho e nada vejo,
Somente o que vestisse num ensejo
Levado pelo engodo que seduz.

E como fosse assim a simples caça,
O meu final em erros, vida traça.

NESTAS EMOÇÕES

 NESTAS EMOÇÕES

Viajo
nestas emoções,
pra te sentir
perto de mim ...
(ivi)

Sentir perto de mim quem tanto quero
Na ausência da saudade, vaga imensa,
O verso traduzindo a recompensa
Que a cada novo tempo mais espero,

Nos braços deste encanto me tempero
E bebo a poesia frágil, densa,
Na vida que queria menos tensa,
O amor vai me tornando menos fero.

Sagacidade é feita dos carinhos
Que trazes retornando aos nossos ninhos
Vizinhos da esperança, nobre dama.

Assim serei feliz sempre contigo,
O amor que desejei, amante e amigo,
É tudo que minha alma em paz reclama...

MARCOS LOURES

DEUS

DEUS

Carbônica estrutura em harmonia
A vida se refaz da própria morte,
E traz por solução um novo aporte
Que é sempre renovada a cada dia.

A tosca humanidade concebia
O acaso como fonte, rumo e norte,
Sem perceber eterno cada corte
Que a nossa consciência desafia.

Seria por acaso esta existência?
Tolice e prepotência tão somente,
É necessário ter a consciência

Ciência do improvável puro acaso.
O refazer se faz numa semente,
Gerada e geratriz dentro de um prazo...

MARCOS LOURES

DORMÊNCIA



DORMÊNCIA


É esse amortecer que é tão sentido
e evoca um fim pra cada dor que é fato
o arauto, o sinal claro: estou perdido!
E eis que percebo a falta até do tato...

Aninho em mim mesmo o que era tido
aquém do ouvir sereno e assaz recato
e não escuto o som há muito ouvido!
É certo que na boca o antes regato

achou de ficar seco e eu vi-me junto
ao ponto cego do existir oculto
e o cheiro já nem sinto, é dissipado,

é fato consumado, é fim de assunto;
agora me procuro e nem qual vulto
eu encontro a mim mesmo, estou velado.

Ronaldo Rhusso

Nos ermos de meu ser busco encontrar
Em meio a meus escombros a verdade,
Percorro descaminhos, realidade,
E nada está de fato em seu lugar...

Na sôfrega batalha para achar
Algum sinal com tal sinceridade
Afastando afinal a obscuridade
Aonde eu possa enfim me desnudar,

Percebo neste espelho que me trazes,
Os olhos embaçados, mas audazes
Da fera envelhecida e já sem dentes.

Mas que inda crê na força de outras eras,
No inverno vou buscando primaveras,
Velando a minha imagem entrementes...

Marcos Loures

A distorção é fato consumado
e o beijo da mortífera, conforta
a minha sede por uma outra porta
a qual me leve calmo pr'outro lado

em companhia alegre do esperado
aluvião ao qual meu ser comporta
e em me delir, sereno, então reporta
o ser que fui há tempos, e olvidado,

ao que compôe o resto em mim contido
a fim de dar vazão à vil dormência
e me apagar aos poucos co'a anuência

herdada um dia pelo que hei vivido
em troca dessa vã maledicência
em forma estranha e triste da existência...


Ronaldo Rhusso



Perceba quantas vezes vou errante
Escravo dos meus medos, meus anseios,
E faço de ilusões, doridos meios
Na busca mais freqüente, até constante.

A morte, sobretudo me garante,
Antiga sabedora destes veios,
Que jamais valeriam tais receios,
O mundo segue sempre para adiante.

Portanto, distorções são usuais,
Motivos pra viver; os quero mais,
Já que depois de tudo, findará

O tempo se esgotando tão depressa,
Será que nova etapa recomeça
Após o meu final? Responda já!

Marcos Loures


Essa louca dormência nos sentidos
vem, dispara a dúvida pertinente!
Vem tornando o viver mui mais plangente...
Pensamentos comuns são invadidos

e me lembram das dores de outros idos
que tornaram-me a vida diferente...
Hei me dado ao sofrer e é permanente
lamentar e ter medos combatidos.

Mas a vida é irmã da Dona morte
uma pára e outra leva, toca em frente!
De repente entendi que continua

e atua esperando o Rei que é forte
é suporte pro ente, felizmente,
e virá reluzente mais que a lua!

Ronaldo Rhusso

A Morte nos desnuda por inteiro
Inevitável ponto de partida,
Quem sabe, de chegada, companheiro,
Haverá decerto nova vida?

Só sei que sempre mostra a dolorida
Face do viver, que é tão ligeiro,
Porém como uma meta a ser cumprida,
Momento da existência, o derradeiro.

Aprendo a cada novo amanhecer
A crer que esta alegria de viver,
É tudo o que desejo e que me resta,

As dores ensinando, dia a dia,
Maturidade sempre propicia,
Ensinando a encarar a hora funesta...

Marcos Loures


Santa hora da morte eu já rejeito
adornando a doença que corrói
com a força latente que em meu peito
ganha pulso e a tristeza, então, destrói.

A dormência me segue e não tem jeito
hei de um dia aquecer corpo que mói
ao poeta e não tem sequer respeito,
pois castelos bonitos, eis, constrói!

Nova vida é um fato que o espelho
me fez ver nos milagres contundentes;
é que eu tenho meu próprio Mar Vermelho

e navego em mim mesmo, entrementes
não sou desses que pode dar conselho
eu sou puro milagre em meio a entes.

Ronaldo Rhusso


O quanto em desafios traz a vida,
Misteriosamente faz milagres,
Porquanto tanto amor; deveras sagres,
Encontras com louvor uma saída.

A sorte do viver jamais se olvida,
Mesmo quando há acidez, velhos vinagres
No amor que a cada dia mais consagres
Adiarás decerto as despedidas...

Poeta tendo uma alma imorredoura,
Em plena tempestade, ele se doura,
Erguendo o seu olhar, vê sempre além.

A morte leve o corpo, deixa a fama,
Mantendo na palavra a imensa chama,
Que eterna, vez em quando sempre vem...

Marcos Loures


Eu acredito que essa é a nova vida:
Permanecer em cada verso lindo!
Eternizar-se em obras, nessa lida,
aproveitando o Dom, pois que é infindo!

Posteridade tem quem solta a brida
anunciando a dor, porém sorrindo
enquanto o Mal não ache uma acolhida;
enquanto o amor entenda que é bem vindo!

O corpo morre e fica em vil dormência;
os Cromossomos juntam-se à terra;
memória não tem mais, nem recompensa...

Um dia alguém que sofre de demência
descobre textos... Pronto! A morte encerra!
Outro imortal renasce... Mas compensa?

Ronaldo Rhusso

Talvez seja melhor ficar calado,
O tempo remedia, mas não cura,
Se o pensamento voa, sendo alado,
Algum belo remanso ele procura,

Da luta, eu te garanto, estou cansado,
Porém nossa batalha inda perdura,
Viver a poesia, amargo Fado,
Às vezes com espinhos, a ternura...

Morrer e depois disso ser alguém?
Um velho paradoxo se repete,
Melhor seria ter outro caminho,

Mas quando a tarde cai e a noite vem,
O dedo no teclado pinta o sete,
E volta sem pensar ao mesmo ninho..

- DORMÊNCIA...
Dormência...

É esse amortecer que é tão sentido
e evoca um fim pra cada dor que é fato
o arauto, o sinal claro: estou perdido!
E eis que percebo a falta até do tato...

Aninho em mim mesmo o que era tido
aquém do ouvir sereno e assaz recato
e não escuto o som há muito ouvido!
É certo que na boca o antes regato

achou de ficar seco e eu vi-me junto
ao ponto cego do existir oculto
e o cheiro já nem sinto, é dissipado,

é fato consumado, é fim de assunto;
agora me procuro e nem qual vulto
encontro a mim mesmo, estou velado.

Ronaldo Rhusso

Nos ermos de meu ser busco encontrar
Em meio a meus escombros a verdade,
Percorro descaminhos, realidade,
E nada está de fato em seu lugar...

Na sôfrega batalha para achar
Algum sinal com tal sinceridade
Afastando afinal a obscuridade
Aonde eu possa enfim me desnudar,

Percebo neste espelho que me trazes,
Os olhos embaçados, mas audazes
Da fera envelhecida e já sem dentes.

Mas que inda crê na força de outras eras,
No inverno vou buscando primaveras,
Velando a minha imagem entrementes...

Marcos Loures

A distorção é fato consumado
e o beijo da mortífera, conforta
a minha sede por uma outra porta
a qual me leve calmo pr'outro lado

em companhia alegre do esperado
aluvião ao qual meu ser comporta
e em me delir, sereno, então reporta
o ser que fui há tempos, e olvidado,

ao que compôe o resto em mim contido
a fim de dar vazão à vil dormência
e me apagar aos poucos co'a anuência

herdada um dia pelo que hei vivido
em troca dessa vã maledicência
em forma estranha e triste da existência...


Ronaldo Rhusso


Perceba quantas vezes vou errante
Escravo dos meus medos, meus anseios,
E faço de ilusões, doridos meios
Na busca mais freqüente, até constante.

A morte, sobretudo me garante,
Antiga sabedora destes veios,
Que jamais valeriam tais receios,
O mundo segue sempre para adiante.

Portanto, distorções são usuais,
Motivos pra viver; os quero mais,
Já que depois de tudo, findará

O tempo se esgotando tão depressa,
Será que nova etapa recomeça
Após o meu final? Responda já!

Marcos Loures


Essa louca dormência nos sentidos
vem, e desperta a dúvida latente!
Vem tornando o viver tão mais plangente...
Pensamentos comuns são invadidos

e me lembram das dores de outros idos
que tornaram-me a vida diferente...
Hei me dado ao sofrer e é permanente
lamentar e ter medos combatidos.

A vida é prima-irmã da Dona morte.
Uma pára e outra leva, toca em frente!
De repente entendi que continua

e atua esperando o Rei que é forte
é suporte pro ente, felizmente,
e virá reluzente mais que a lua!

Ronaldo Rhusso

A Morte nos desnuda por inteiro
Inevitável ponto de partida,
Quem sabe, de chegada, companheiro,
Haverá decerto nova vida?

Só sei que sempre mostra a dolorida
Face do viver, que é tão ligeiro,
Porém como uma meta a ser cumprida,
Momento da existência, o derradeiro.

Aprendo a cada novo amanhecer
A crer que esta alegria de viver,
É tudo o que desejo e que me resta,

As dores ensinando, dia a dia,
Maturidade sempre propicia,
Ensinando a encarar a hora funesta...

Marcos Loures


Santa hora da morte eu já rejeito
adornando a doença que corrói
com a força latente que em meu peito
ganha pulso e a tristeza, então, destrói.

A dormência me segue e não tem jeito
hei de um dia aquecer corpo que mói
ao poeta e não tem sequer respeito,
pois castelos bonitos, eis, constrói!

Nova vida é um fato que o espelho
me fez ver nos milagres contundentes;
é que eu tenho meu próprio Mar Vermelho

e navego em mim mesmo, entrementes
não sou desses que pode dar conselho
eu sou puro milagre em meio a entes.

Ronaldo Rhusso


O quanto em desafios traz a vida,
Misteriosamente faz milagres,
Porquanto tanto amor; deveras sagres,
Encontras com louvor uma saída.

A sorte do viver jamais se olvida,
Mesmo quando há acidez, velhos vinagres
No amor que a cada dia mais consagres
Adiarás decerto as despedidas...

Poeta tendo uma alma imorredoura,
Em plena tempestade, ele se doura,
Erguendo o seu olhar, vê sempre além.

A morte leve o corpo, deixa a fama,
Mantendo na palavra a imensa chama,
Que eterna, vez em quando sempre vem...

Marcos Loures


Eu acredito que essa é a nova vida:
Permanecer em cada verso lindo!
Eternizar-se em obras, nessa lida,
aproveitando o Dom, pois que é infindo!

Posteridade tem quem solta a brida
anunciando a dor, porém sorrindo
enquanto o Mal não ache uma acolhida;
enquanto o amor entenda que é bem vindo!

O corpo morre e fica em vil dormência;
os Cromossomos juntam-se à terra;
memória não tem mais, nem recompensa...

Um dia alguém que sofre de demência
descobre textos... Pronto! A morte encerra!
Outro imortal renasce... Mas compensa?

Ronaldo Rhusso

Talvez seja melhor ficar calado,
O tempo remedia, mas não cura,
Se o pensamento voa, sendo alado,
Algum belo remanso ele procura,

Da luta, eu te garanto, estou cansado,
Porém nossa batalha inda perdura,
Viver a poesia, amargo Fado,
Às vezes com espinhos, a ternura...

Morrer e depois disso ser alguém?
Um velho paradoxo se repete,
Melhor seria ter outro caminho,

Mas quando a tarde cai e a noite vem,
O dedo no teclado pinta o sete,
E volta sem pensar ao mesmo ninho...

Marcos Loures

Razão tu tens, irmão, poeta e amigo!
Então deslizo e falo de outra vida
Em céu, em Terra Nova prometida!
A mim costuma ser o que eu persigo...

Viver, morrer, aqui é um perigo!
E eu sei, também a ti, ELE convida
A ir pr’esse lugar que é sem medida.
Ah! Creias, tou falando de um abrigo!

Eu sei que ELE virá porque já veio.
Repare no comer da multidão!
Tilintam sinos dessa falsa fé,

Mas Cristo, eu sei, te quer doar um seio
Além do que o pulsar do coração.
Ta bom! Sou sonhador, mas isso é fé!

Ronaldo Rhusso


Nós temos a esperança feita em fé
De um tempo bem mais calmo e mais suave,
Após nossa viagem, noutra nave
Que faça este percurso; aonde? Até?

Mas quando a noite chega e traz vazios,
Mergulho num abismo sem respostas,
E mesmo que ainda crie, firmes crostas,
Às vezes dolorosos arrepios...

Eu creio, nunca nego, em Cristo Deus,
E faço desta crença uma bandeira,
Dizer sempre até logo e nunca adeus,

Marcando desde sempre pela dor,
Amiga tão voraz e costumeira,
Parceira de oração e de louvor...

Marcos Loures

Eu conheço um segredo pra dormência;
pras horas onde as sombras atormentam...
É fácil! Só há perda aos que não tentam.
Cuidar de alguém melhora a permanência

ao lado do Senhor e a paciência
se torna gotas que aos poucos sustentam
e cobrem densas noites, alimentam...
O enfado passa a vir sem a frequência

de modo que outras cores enxergamos.
Cuidar dos que estão próximos é fácil;
Missão é carregar gente que está

melhor que nós e assim fortificamos
a mente que costuma ser retrátil,
mas será transformada: Ele virá!

Ronaldo Rhusso

Carregando este amor que fortalece
E traz uma esperança interminável,
Por mais que o solo seja farto, arável,
Uma alma sem destino, em vão fenece;

Fazendo de um soneto, quase prece,
Um mundo que imagino mais amável
Humanidade sendo palatável,
Às normas do Divino, alma obedece

Fraternidade sólida esperança,
A fera mais voraz, o amor amansa
Quem vive esta certeza sabe bem,

Somente esta alegria tem valor,
Um novo amanhecer, a se propor,
Perpassa este horizonte e segue além...

Marcos Loures


Falaste do amor com maestria
e eu sinto que é o segredo da vitória!
Consegues perceber toda essa glória
que banha todo o amante da poesia?

É ela que me leva a noite e dia
sorver cada momento dessa história
que em versos escrevemos e a memória
há de ficar marcada em alegria!

É com amor que temos derramado
os nossos corações para os leitores
nesse minimizar de dissabores

com nosso versejar que é de bom grado
a fim de ter também colaborado
com o renovar da vida em lindas cores!

Ronaldo Rhusso

A poesia é nossa mola; mestre
Que faz com que possamos ter nas mãos
Sementes do futuro, fartos grãos;
Tomara que este amor, o povo adestre,

Aragem em que vivo hoje, campestre,
Não deixa que eu conceba serem vãos,
Lutemos companheiro, pois irmãos
Não deixam que o vazio já fenestre

E invada sobre nós desesperança,
Nos versos com carinho esta aliança
Permite que se creia no amanhã.

E temos o poder da poesia
Que é feita de magia e fantasia,
Divino, com certeza, nosso afã...

Marcos Loures

Divino e prazeroso, ó mestre amigo!
Às vezes té me esqueço dos terrores
que assaltam-me em forma de vis dores
e roubam-me essa paz, é o que eu lhe digo!

Então me zango e escrevo o que eu consigo
em forma fixa ou como os amadores.
O fato é que me vêm, em multicores,
palavras que me são perfeito abrigo!

A graça é que podemos recriar
um mundo diferente qual encarte
e o feio com firmeza por de parte.

Não é maravilhoso e até sem par
o dom que possuímos de rimar
a dor co'ardor e o amor co'a cor da arte?

Ronaldo Rhusso


O dom de ser poeta, uma magia
Que jamais desprezei e que sustenta
Durante a tempestade; uma alma assenta
E bebe do prazer e da agonia.

Vencer o dissabor do dia a dia,
Por mais que a vida seja violenta,
A noite em poesia nos alenta,
Como se fosse então uma alquimia.

Pedra filosofal que lapidamos,
Escravos das palavras? Somos amos,
E ramos destes velhos arvoredos

Que escassos, mas garanto valiosos,
Os versos que fazemos; orgulhosos,
Desvendam da existência seus segredos...

Marcos Loures


Amigos das palavras temos sido;
Senhores de nós mesmos e dos versos.
O dom que praticamos tem movido
Milhares de espíritos dispersos

A despertarem desse combalido
Estado lamentável que, ora imersos,
Sufoca cada anseio que era tido
Como uma solução pros mais diversos

Dilemas da existência em vil dormência,
Estado em que se encontra a maioria
Sem virtudes, sem justa paciência;

Sem gana pra viver em harmonia
C’o bem comum, com ordem, com decência;
Consigo mesmo e com a fantasia.

Ronaldo Rhusso


Possamos espalhar aos quatro ventos
O som da poesia que nos toca,
O rio que em tal mar se desemboca
Carrega junto a si, os sentimentos,

Poeta faz das dores, seus alentos,
O amor em fantasia ali se aloca,
Agigantando sempre cada roca
Tornada continente, pensamentos...

Que possa ser assim durante a vida,
Eternos companheiros da alegria,
E imersos em fantasmas que criamos,

E quando chegar nossa despedida,
Vivemos o que o sonho nos pedia,
Que a liberdade nega escravos e amos...

Marcos Loures


Espero que esssa tal de despedida
demore a Eternidade para vir
e que tenhamos sempre e sem medida
muita alegria antes do partir.

Enquanto isso vou gozar a vida
a fim de me esquivar do despedir;
compor, honrar essa'rte sem a brida
a qual me tolhe e esforço-me a delir.

Viver os sonhos traz a paz que é dom,
é dádiva importante e eu quero é mais!
Sorver da liberdade satisfaz.

Eu posso até do encanto ouvir o som!
Mas quem da poesia dá o tom
sou eu, és tu que és mestre, és mui capaz!


Ronaldo Rhusso


Respirando este ar puro em que respiras
Os sonhos que trazemos; parceria,
A dádiva divina é maestria,
E acende da esperança tantas piras,

Enquanto poesia tu transpiras,
O velho trovador, pouco queria,
Somente algum resíduo de alegria,
Mudando pra melhor terríveis miras,

Almejo estar contigo nesta glória
Aonde a gente escreve nossa história
Marcada com a dor, com esperança

Arejas com teu riso o sofrimento,
E tendo Nosso Deus, alívio e alento,
Um claro amanhecer, a vida alcança.

Marcos Loures


Que bom pode dizer do teu valor!
Compartilhar de versos que enriquecem
e que aos corações, decerto, aquecem
tornando espinhos maus em bela flor!

Sofrer faz parte e até vejo na dor
algum motivo além e os que padecem
aos poucos se apercebem, então crescem
e dão valor à vida e ao dom do amor!

Talvez a privação do paladar
prepare o ser humano pra deixar
aquilo que não vai ter lá no céu.

Eu vejo a privação da liberdade
motivo pra buscar sobriedade
e ver na Eternidade doce mel!

Ronaldo Rhusso

Assim como ao poeta se permite
O ter em suas mãos, clareza rara,
O verso que também apóia e ampara,
Esconde das tristezas, seu limite,

Por mais que na verdade eu acredite,
A bela fantasia me é tão cara,
E quando a voz da vida em vão dispara,
Retorno o meu olhar, busco Afrodite.

Não deixaremos nunca que se apague
O brilho que somente a Musa traz,
Vivendo a plenitude e sendo audaz,

Não vejo quem polua ou mesmo estrague
As mãos do que burila tal argila,
E o sonho entre seus versos já desfila...


- DORMÊNCIA...
Dormência...

É esse amortecer que é tão sentido
e evoca um fim pra cada dor que é fato
o arauto, o sinal claro: estou perdido!
E eis que percebo a falta até do tato...

Aninho em mim mesmo o que era tido
aquém do ouvir sereno e assaz recato
e não escuto o som há muito ouvido!
É certo que na boca o antes regato

achou de ficar seco e eu vi-me junto
ao ponto cego do existir oculto
e o cheiro já nem sinto, é dissipado,

é fato consumado, é fim de assunto;
agora me procuro e nem qual vulto
encontro a mim mesmo, estou velado.

Ronaldo Rhusso

Nos ermos de meu ser busco encontrar
Em meio a meus escombros a verdade,
Percorro descaminhos, realidade,
E nada está de fato em seu lugar...

Na sôfrega batalha para achar
Algum sinal com tal sinceridade
Afastando afinal a obscuridade
Aonde eu possa enfim me desnudar,

Percebo neste espelho que me trazes,
Os olhos embaçados, mas audazes
Da fera envelhecida e já sem dentes.

Mas que inda crê na força de outras eras,
No inverno vou buscando primaveras,
Velando a minha imagem entrementes...

Marcos Loures

A distorção é fato consumado
e o beijo da mortífera, conforta
a minha sede por uma outra porta
a qual me leve calmo pr'outro lado

em companhia alegre do esperado
aluvião ao qual meu ser comporta
e em me delir, sereno, então reporta
o ser que fui há tempos, e olvidado,

ao que compôe o resto em mim contido
a fim de dar vazão à vil dormência
e me apagar aos poucos co'a anuência

herdada um dia pelo que hei vivido
em troca dessa vã maledicência
em forma estranha e triste da existência...


Ronaldo Rhusso


Perceba quantas vezes vou errante
Escravo dos meus medos, meus anseios,
E faço de ilusões, doridos meios
Na busca mais freqüente, até constante.

A morte, sobretudo me garante,
Antiga sabedora destes veios,
Que jamais valeriam tais receios,
O mundo segue sempre para adiante.

Portanto, distorções são usuais,
Motivos pra viver; os quero mais,
Já que depois de tudo, findará

O tempo se esgotando tão depressa,
Será que nova etapa recomeça
Após o meu final? Responda já!

Marcos Loures


Essa louca dormência nos sentidos
vem, e desperta a dúvida latente!
Vem tornando o viver tão mais plangente...
Pensamentos comuns são invadidos

e me lembram das dores de outros idos
que tornaram-me a vida diferente...
Hei me dado ao sofrer e é permanente
lamentar e ter medos combatidos.

A vida é prima-irmã da Dona morte.
Uma pára e outra leva, toca em frente!
De repente entendi que continua

e atua esperando o Rei que é forte
é suporte pro ente, felizmente,
e virá reluzente mais que a lua!

Ronaldo Rhusso

A Morte nos desnuda por inteiro
Inevitável ponto de partida,
Quem sabe, de chegada, companheiro,
Haverá decerto nova vida?

Só sei que sempre mostra a dolorida
Face do viver, que é tão ligeiro,
Porém como uma meta a ser cumprida,
Momento da existência, o derradeiro.

Aprendo a cada novo amanhecer
A crer que esta alegria de viver,
É tudo o que desejo e que me resta,

As dores ensinando, dia a dia,
Maturidade sempre propicia,
Ensinando a encarar a hora funesta...

Marcos Loures


Santa hora da morte eu já rejeito
adornando a doença que corrói
com a força latente que em meu peito
ganha pulso e a tristeza, então, destrói.

A dormência me segue e não tem jeito
hei de um dia aquecer corpo que mói
ao poeta e não tem sequer respeito,
pois castelos bonitos, eis, constrói!

Nova vida é um fato que o espelho
me fez ver nos milagres contundentes;
é que eu tenho meu próprio Mar Vermelho

e navego em mim mesmo, entrementes
não sou desses que pode dar conselho
eu sou puro milagre em meio a entes.

Ronaldo Rhusso


O quanto em desafios traz a vida,
Misteriosamente faz milagres,
Porquanto tanto amor; deveras sagres,
Encontras com louvor uma saída.

A sorte do viver jamais se olvida,
Mesmo quando há acidez, velhos vinagres
No amor que a cada dia mais consagres
Adiarás decerto as despedidas...

Poeta tendo uma alma imorredoura,
Em plena tempestade, ele se doura,
Erguendo o seu olhar, vê sempre além.

A morte leve o corpo, deixa a fama,
Mantendo na palavra a imensa chama,
Que eterna, vez em quando sempre vem...

Marcos Loures


Eu acredito que essa é a nova vida:
Permanecer em cada verso lindo!
Eternizar-se em obras, nessa lida,
aproveitando o Dom, pois que é infindo!

Posteridade tem quem solta a brida
anunciando a dor, porém sorrindo
enquanto o Mal não ache uma acolhida;
enquanto o amor entenda que é bem vindo!

O corpo morre e fica em vil dormência;
os Cromossomos juntam-se à terra;
memória não tem mais, nem recompensa...

Um dia alguém que sofre de demência
descobre textos... Pronto! A morte encerra!
Outro imortal renasce... Mas compensa?

Ronaldo Rhusso

Talvez seja melhor ficar calado,
O tempo remedia, mas não cura,
Se o pensamento voa, sendo alado,
Algum belo remanso ele procura,

Da luta, eu te garanto, estou cansado,
Porém nossa batalha inda perdura,
Viver a poesia, amargo Fado,
Às vezes com espinhos, a ternura...

Morrer e depois disso ser alguém?
Um velho paradoxo se repete,
Melhor seria ter outro caminho,

Mas quando a tarde cai e a noite vem,
O dedo no teclado pinta o sete,
E volta sem pensar ao mesmo ninho...

Marcos Loures

Razão tu tens, irmão, poeta e amigo!
Então deslizo e falo de outra vida
Em céu, em Terra Nova prometida!
A mim costuma ser o que eu persigo...

Viver, morrer, aqui é um perigo!
E eu sei, também a ti, ELE convida
A ir pr’esse lugar que é sem medida.
Ah! Creias, tou falando de um abrigo!

Eu sei que ELE virá porque já veio.
Repare no comer da multidão!
Tilintam sinos dessa falsa fé,

Mas Cristo, eu sei, te quer doar um seio
Além do que o pulsar do coração.
Ta bom! Sou sonhador, mas isso é fé!

Ronaldo Rhusso


Nós temos a esperança feita em fé
De um tempo bem mais calmo e mais suave,
Após nossa viagem, noutra nave
Que faça este percurso; aonde? Até?

Mas quando a noite chega e traz vazios,
Mergulho num abismo sem respostas,
E mesmo que ainda crie, firmes crostas,
Às vezes dolorosos arrepios...

Eu creio, nunca nego, em Cristo Deus,
E faço desta crença uma bandeira,
Dizer sempre até logo e nunca adeus,

Marcando desde sempre pela dor,
Amiga tão voraz e costumeira,
Parceira de oração e de louvor...

Marcos Loures

Eu conheço um segredo pra dormência;
pras horas onde as sombras atormentam...
É fácil! Só há perda aos que não tentam.
Cuidar de alguém melhora a permanência

ao lado do Senhor e a paciência
se torna gotas que aos poucos sustentam
e cobrem densas noites, alimentam...
O enfado passa a vir sem a frequência

de modo que outras cores enxergamos.
Cuidar dos que estão próximos é fácil;
Missão é carregar gente que está

melhor que nós e assim fortificamos
a mente que costuma ser retrátil,
mas será transformada: Ele virá!

Ronaldo Rhusso

Carregando este amor que fortalece
E traz uma esperança interminável,
Por mais que o solo seja farto, arável,
Uma alma sem destino, em vão fenece;

Fazendo de um soneto, quase prece,
Um mundo que imagino mais amável
Humanidade sendo palatável,
Às normas do Divino, alma obedece

Fraternidade sólida esperança,
A fera mais voraz, o amor amansa
Quem vive esta certeza sabe bem,

Somente esta alegria tem valor,
Um novo amanhecer, a se propor,
Perpassa este horizonte e segue além...

Marcos Loures


Falaste do amor com maestria
e eu sinto que é o segredo da vitória!
Consegues perceber toda essa glória
que banha todo o amante da poesia?

É ela que me leva a noite e dia
sorver cada momento dessa história
que em versos escrevemos e a memória
há de ficar marcada em alegria!

É com amor que temos derramado
os nossos corações para os leitores
nesse minimizar de dissabores

com nosso versejar que é de bom grado
a fim de ter também colaborado
com o renovar da vida em lindas cores!

Ronaldo Rhusso

A poesia é nossa mola; mestre
Que faz com que possamos ter nas mãos
Sementes do futuro, fartos grãos;
Tomara que este amor, o povo adestre,

Aragem em que vivo hoje, campestre,
Não deixa que eu conceba serem vãos,
Lutemos companheiro, pois irmãos
Não deixam que o vazio já fenestre

E invada sobre nós desesperança,
Nos versos com carinho esta aliança
Permite que se creia no amanhã.

E temos o poder da poesia
Que é feita de magia e fantasia,
Divino, com certeza, nosso afã...

Marcos Loures

Divino e prazeroso, ó mestre amigo!
Às vezes té me esqueço dos terrores
que assaltam-me em forma de vis dores
e roubam-me essa paz, é o que eu lhe digo!

Então me zango e escrevo o que eu consigo
em forma fixa ou como os amadores.
O fato é que me vêm, em multicores,
palavras que me são perfeito abrigo!

A graça é que podemos recriar
um mundo diferente qual encarte
e o feio com firmeza por de parte.

Não é maravilhoso e até sem par
o dom que possuímos de rimar
a dor co'ardor e o amor co'a cor da arte?

Ronaldo Rhusso


O dom de ser poeta, uma magia
Que jamais desprezei e que sustenta
Durante a tempestade; uma alma assenta
E bebe do prazer e da agonia.

Vencer o dissabor do dia a dia,
Por mais que a vida seja violenta,
A noite em poesia nos alenta,
Como se fosse então uma alquimia.

Pedra filosofal que lapidamos,
Escravos das palavras? Somos amos,
E ramos destes velhos arvoredos

Que escassos, mas garanto valiosos,
Os versos que fazemos; orgulhosos,
Desvendam da existência seus segredos...

Marcos Loures


Amigos das palavras temos sido;
Senhores de nós mesmos e dos versos.
O dom que praticamos tem movido
Milhares de espíritos dispersos

A despertarem desse combalido
Estado lamentável que, ora imersos,
Sufoca cada anseio que era tido
Como uma solução pros mais diversos

Dilemas da existência em vil dormência,
Estado em que se encontra a maioria
Sem virtudes, sem justa paciência;

Sem gana pra viver em harmonia
C’o bem comum, com ordem, com decência;
Consigo mesmo e com a fantasia.

Ronaldo Rhusso


Possamos espalhar aos quatro ventos
O som da poesia que nos toca,
O rio que em tal mar se desemboca
Carrega junto a si, os sentimentos,

Poeta faz das dores, seus alentos,
O amor em fantasia ali se aloca,
Agigantando sempre cada roca
Tornada continente, pensamentos...

Que possa ser assim durante a vida,
Eternos companheiros da alegria,
E imersos em fantasmas que criamos,

E quando chegar nossa despedida,
Vivemos o que o sonho nos pedia,
Que a liberdade nega escravos e amos...

Marcos Loures


Espero que esssa tal de despedida
demore a Eternidade para vir
e que tenhamos sempre e sem medida
muita alegria antes do partir.

Enquanto isso vou gozar a vida
a fim de me esquivar do despedir;
compor, honrar essa'rte sem a brida
a qual me tolhe e esforço-me a delir.

Viver os sonhos traz a paz que é dom,
é dádiva importante e eu quero é mais!
Sorver da liberdade satisfaz.

Eu posso até do encanto ouvir o som!
Mas quem da poesia dá o tom
sou eu, és tu que és mestre, és mui capaz!


Ronaldo Rhusso


Respirando este ar puro em que respiras
Os sonhos que trazemos; parceria,
A dádiva divina é maestria,
E acende da esperança tantas piras,

Enquanto poesia tu transpiras,
O velho trovador, pouco queria,
Somente algum resíduo de alegria,
Mudando pra melhor terríveis miras,

Almejo estar contigo nesta glória
Aonde a gente escreve nossa história
Marcada com a dor, com esperança

Arejas com teu riso o sofrimento,
E tendo Nosso Deus, alívio e alento,
Um claro amanhecer, a vida alcança.

Marcos Loures


Que bom pode dizer do teu valor!
Compartilhar de versos que enriquecem
e que aos corações, decerto, aquecem
tornando espinhos maus em bela flor!

Sofrer faz parte e até vejo na dor
algum motivo além e os que padecem
aos poucos se apercebem, então crescem
e dão valor à vida e ao dom do amor!

Talvez a privação do paladar
prepare o ser humano pra deixar
aquilo que não vai ter lá no céu.

Eu vejo a privação da liberdade
motivo pra buscar sobriedade
e ver na Eternidade doce mel!

Ronaldo Rhusso

Assim como ao poeta se permite
O ter em suas mãos, clareza rara,
O verso que também apóia e ampara,
Esconde das tristezas, seu limite,

Por mais que na verdade eu acredite,
A bela fantasia me é tão cara,
E quando a voz da vida em vão dispara,
Retorno o meu olhar, busco Afrodite.

Não deixaremos nunca que se apague
O brilho que somente a Musa traz,
Vivendo a plenitude e sendo audaz,

Não vejo quem polua ou mesmo estrague
As mãos do que burila tal argila,
E o sonho entre seus versos já desfila...

Marcos Loures


A Musa inspira, é fato, isso eu não nego.
Carrego essa certeza e busco a minha...
Eu tinha o privilégio, mas fui pego
qual cego até perder minha rainha...

Definha em mim a alma e não sossego;
entrego-me à jornada e sigo a linha
que é vinha a ser cuidada e a ela eu rego.
Sonego a calma e vem-me um frio na espinha...

Sozinha a fantasia é pouca monta.
Desmonta até vontade de viver.
Meu ser nem teme mais o vil sofrer.

Dizer que a vida é bela e não dar conta
afronta claramente o sonho antigo?
Persigo uma resposta. A tens, amigo?


Ronaldo Rhusso


Só sei que não sabendo quase nada,
Além do que me toca o coração,
Instinto bem maior que a razão,
A vida em loteria transformada,

Um'alma, muitas vezes malfadada,
Que encontra nos seus ermos, solução,
Sabendo que somente amor, perdão,
Garantem a viagem sossegada,

Espero pela chuva com o olhar
De quem sabe: ela irá fertilizar
Crisálidas da terra: grãos, sementes

E assim se refazendo a cada dia,
A vida nos permite a poesia,
Tramando a realidade que ora mentes...

Marcos Loures

É nesse refazer com paciência
que temos o antídoto ansiado
pra desfazer o estado da dormência
algoz que contra nós tem festejado.

Talvez temos mostrado a complacência
com cada inimigo e não amado
aquele que se esconde em vil dolência
atrás de cada verso elaborado.

Perdão tem dupla mão e é tão bonito!
E torna essa viagem mais segura.
Mas reconheço que só alma pura

deixa a realidade e vira mito.
Por mim se a morte vem eu solto um grito
e digo: vá de retro, ô bicha escura!

Ronaldo Rhusso


Cantemos, pois à vida, companheiro,
E mesmo que sofrida, é tudo o que
Existe de concreto e o tempo inteiro
Navego em suas ondas, sem cadê?

Não posso sonegar o verdadeiro
Caminho pelo qual em Deus se crê,
Do parto até a partida, mensageiro
Da paz que sabe bem o que se vê.

Não creio nos demônios, nem os temo,
Distante de meus sonhos, vejo o Demo
Mefisto não passando de ilusão,

Porém no amor divino, num mergulho,
Eu bebo destas águas e me orgulho,
De ser a cada dia mais cristão...

Marcos Loures

Um canto para a vida é boa ideia!
Festejo o refestelo do meu ser
que pronto pra não ver em panaceia
resposta para não envelhecer

prefere entrar em anos pois a estreia
almeja que se possa esquecer.
Ser jovem é mexer numa colmeia
e nunca preocupar-se em correr.

Espíritos do mal até que existem;
eu trombo com alguns no dia a dia.
São eles os que ao belo resistem

e tiram desse mundo a fantasia.
Dormência têm na mente, mas persistem
até roubarem cores da alegria.

Ronaldo Rhusso


Não deixe que estes tolos, vãos bufões
Dominem esta cena, meras brisas,
Poeta feito em luz; protagonizas,
Tocando com leveza os corações...

Acaso existem forças, turbilhões
Que apenas com teus versos suavizas,
E quando noutras cores tu matizas
As nuvens buscam outras direções.

Escreves com beleza e com cadência,
E enfrentas com denodo tal dormência
Vencendo esta batalha dia a dia,

Louvando o bem maior com maestria,
E com tanto talento, a poesia
Reclama e sente logo tua ausência...

Marcos Loures


A poesia age com brandura;
ela é mulher gentil e nos quer bem.
A vejo como um bálsamo, uma cura,
alívio mui mais rápido que um trem

do tipo que é expresso e da lonjura
faz estreito caminho e faz tão bem!
Ela é parceira hábil e assegura
a nós que lemos tudo o que convém

direito de sorver em teus sonetos
a mensagem mais pura e confortante;
abrir de alma explêndida e tonante!

Contigo é fácil crer em bons duetos
andar em letras por Jardins e Guetos,
pois teu talento é fato assaz marcante!

Ronaldo Rhusso


Amigo, com certeza tu me dás
Esta oportunidade rara e benfazeja
De ter em cada verso, o que deseja
Quem vive uma esperança feita em paz.

Às vezes delicado ou mesmo audaz,
Um trágico poema que lateja,
Sorriso de criança, alma almeja,
Mas nada se compara e satisfaz

A quem faz do soneto, grito e voz,
Do que esta companhia que me fazes
Em versos muitas vezes mais vorazes,

Sabendo ser comum a nossa foz,
Descendo as corredeiras com bravura,
No canto em que espalhamos a cultura...

A PALAVRA

A PALAVRA

Palavra, este tijolo maleável,
Do qual se faz tortura e poesia,
Às vezes tão terrível e agradável,
Constrói ou gera a guerra ou harmonia.

Presente em cada frase, solo arável,
Ilude enquanto gera a fantasia,
Criando um novo mundo suportável
Ou mata provocando uma sangria,

Mergulho em seus mistérios, sou poeta,
A linha que decifro nunca é reta,
A meta de quem canta é ser ouvido.

As marcas que carrego dentro em mim,
Florada prometida em meu jardim,
São coisas que imagino e até duvido...

MARCOS LOURES

DANÇA

DANÇA

Quisera fazer dança desta vida
Que tantas vezes marca e até sorri,
Bendita esta alegria, vem de ti,
Deixando uma tristeza já perdida,

Não vivo e nem suporto tal ermida,
Mas venho do caminho que escolhi,
Às vezes festejando; agora aqui,
A mente muitas vezes exaurida.

Batuca um velho samba de Noel,
O amor que conheceu Vila Isabel,
No Boulevard passeia sob a lua.

Depois a madrugada, de mansinho,
Ouvindo no Sovaco um bom chorinho...
E quando a manhã surge, continua...

MARCOS LOURES

O SER SUPREMO



O SER SUPREMO


Talvez percebas Deus, o Criador
Que não é criatura, o ser supremo,
Não sei se existirá pecado ou Demo,
Prefiro me entregar ao puro amor.

Se há vida em outra esfera, riso ou dor,
Para ser bem sincero, isso eu não temo,
Efêmero viver, mas jamais tremo
A morte nos renova grão e flor.

Apenas que Ele existe, isso eu garanto,
Do nada não surgimos, com certeza,
Tampouco por acaso, causa espanto

Tamanha coincidência, vida e morte;
Assim reinando sobre a natureza,
E nela Se fez fim, princípio e aporte...

MARCOS LOURES

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

COMPULSÃO

COMPULSÃO

Eu sei que até parece compulsão,
Mas não consigo mais sequer deter
Desfilo no teclado o coração,
E teimo novamente em escrever.

Pudesse semear com cada grão
Um belo e mais tranqüilo amanhecer,
Porém a poesia é escravidão,
Grilhões que não consigo mais romper...

Vencer os meus fantasmas, quem me dera,
Seguindo esta ilusão, doce pantera
Que me devora sempre, e me deglute.

Por mais que eu queira enfim, algum descanso,
Na doce calmaria de um remanso,
Não tenho dentro em mim, ninguém que escute.

MARCOS LOURES

COMPLUSÃO

COMPULSÃO

Eu sei que até parece compulsão,
Mas não consigo mais sequer deter
Desfilo no teclado o coração,
E teimo novamente em escrever.

Pudesse semear com cada grão
Um belo e mais tranqüilo amanhecer,
Porém a poesia é escravidão,
Grilhões que não consigo mais romper...

Vencer os meus fantasmas, quem me dera,
Seguindo esta ilusão, doce pantera
Que me devora sempre, e me deglute.

Por mais que eu queira enfim, algum descanso,
Na doce calmaria de um remanso,
Não tenho dentro em mim, ninguém que escute.

MARCOS LOURES

CHEGASTE DE MANHÃ

CHEGASTE DE MANHÃ

Chegaste de manhã sem avisar,
Trazendo em suas mãos uma aguardente;
Vontade de partir e te deixar,
Porém o amor se fez bem mais urgente...

Há tanto que procuro te encontrar,
Vivendo sem te ter, parvo demente,
Buscando em cada raio do luar,
O trilho que deixaste. Inutilmente...

Mas quando te senti bem junto a mim,
O brilho nos meus olhos, retornando,
As flores renascendo em meu jardim,

Felicidade enfim, batendo a porta...
Tristezas já partindo feito um bando,
Angústia sem sentido; agora morta...

MARCOS LOURES

TERROR E ALEGRIA

TERROR E ALEGRIA

Num misto de terror e de alegria,
Percebo o fim da história; pobre vida.
Enfrento labirintos sem saída,
Tentando ver ao menos novo dia.

A madrugada escura, amarga e fria,
A carne mesmo viva, apodrecida,
Uma esperança morta e esvaecida,
No peito esta fatal hemorragia...

Selando o meu destino; eis o momento,
Aonde a morte serve como alento,
Silenciando o inútil cantador...

Meus versos, esquecidos nalgum canto,
Não quero nem suporto um falso pranto,
Nem mesmo um vão sorriso em meu louvor.

MARCOS LOURES

BEIJOS

BEIJOS

Entre os beijos mais loucos, nosso amor
Durante tanto tempo foi a luz
Que levando-me à loucura sem temor,
Se fez o Paraíso sendo a cruz.

Dos corpos nos lençóis, delírios nus,
Espécie de tortura e de louvor,
Na insânia de um tormento que conduz
A um deslumbrante mundo multicor...

Bailando sobre arestas e fagulhas,
No abismo que entorpece e me mergulhas
Fantásticas imagens, explosões...

Fazendo deste amor, tortura e glória,
Mudando a calmaria desta história
Alucinante gozo de tufões...


MARCOS LOURES

MEU AMIGO... DE SURPRESA

MEU AMIGO... DE SURPRESA

Faz tempo que não bebo nem um gole.
Cigarros escondidos pela casa.
A natureza às vezes chega e bole,
Mas quando vou sair, a vida atrasa.

Esqueço da aguardente e da cerveja,
Só tomo o meu suquinho natural,
E quando a fome aperta e aqui lateja,
Eu olho de mansinho e digo tchau.

Um cafezinho, às vezes, um leitinho,
Arrasto meus chinelos pelo quarto,
Andando como fosse bem velhinho
Às nove vou dormir, disto estou farto.

Porém se eu não andar tão pianinho
Sou pego de surpresa pelo infarto....

MARCOS LOURES

DA LONGA E DURA ESTRADA DESTA VIDA

DA LONGA E DURA ESTRADA DESTA VIDA


Marchando em altivez até o fim
Da longa e dura estrada desta vida,
Percebo que encontrei no meu jardim
A flor mais desejada e mais querida.
Quem tem uma esperança segue assim,
Pois vê, no labirinto uma saída
Já tendo a solução, concebo enfim
A paz feita amizade repartida.
Meus olhos no infinito de teus olhos
Encontram seus espelhos, brilho farto.
Abrindo das janelas os ferrolhos
Abrolhos vou matando em meu caminho,
Decerto com firmeza agora eu parto,
Sabendo que não vou jamais sozinho.

MARCOS LOURES

ATO FINAL

ATO FINAL

Vencer os meus temores, ser feliz,
Recebo o vento manso no meu rosto,
Eu sei quanto esperança é meretriz
Coleto em profusão, tanto desgosto,

Distante, muitas vezes, do que quis,
O sonho que restou, já decomposto,
A vida a cada instante volta e diz
Do velho coração, frágil e exposto.

Morrer talvez pudesse me acalmar,
Sem mares nem luar, vagando à toa.
E enquanto a mocidade ainda ecoa

As rugas de minha alma , devagar,
Tornando este cenário mais real,
Expressam desta farsa, ato final...

MARCOS LOURES

MULTICORES ESPERANÇAS

MULTICORES ESPERANÇAS

Forrando minha estrada em paraíso
Florescem multicores esperanças.
Nos passos da amizade eu me matizo
E solto meus temores nestas danças
A vida não precisa mais de aviso
Portando nos olhares alianças,
Nos lábios mais sinceros os sorrisos,
Pureza que se encontra nas crianças.
Quem tem uma alma pura em transparência
Consegue perdoar e ter clemência
E encontra no perdão felicidade.
Assim ao se livrar do fardo triste
Concebe amor intenso que resiste
Nos seios divinais de uma amizade.

MARCOS LOURES

A MORTE E SUAS ARTIMANHAS

A MORTE E SUAS ARTIMANHAS

Eu fujo da danada a vida inteira,
Porém de vez em quando uma surpresa,
A companheira eterna e derradeira,
Fazendo-me depressa sua presa...

Às vezes, sem querer eu dou bandeira,
Mas ela de tocaia, gentileza,
Ainda me deu chance verdadeira,
Porém a sua foice vive tesa...

Durante certo tempo não pensava
Que poderia vê-la tão de perto,
Agora se não fico mais esperto,

A peste num segundo me levava,
Estou vazando fora, de mansinho,
Mineiro quando foge é de fininho...

MARCOS LOURES
24/10

Louvado seja aquele que padece,
O tempo nos ensina e da ferida
A sorte noutra face resumida
Transforma qualquer dor numa benesse.

Assim a vida traça o que se esquece
E marca com terror a desprovida
Vontade que deveras não divida
E o prazo sem destino me entorpece.

O canto seduzindo o mero corte
E nisto tantas vezes já se aborte
Alegoria audaz, mesmo emblemática,

O sonho se desfaz e sendo cético
Meu mundo se mostrara quase herético
E a dor domina toda a vã temática.

QUAL CEGO NA BATALHA

QUAL CEGO NA BATALHA

Perdida como um cego na batalha,
Vagando sem destino, a humanidade,
Andando sobre o fio da navalha,
Distante do caminho da verdade...

E quanto mais percebe; maior falha,
A bomba de hidrogênio; a mortandade,
O amor sendo vendido como tralha,
Mais fácil, entre os lobos, lealdade...

Cadáveres sem mente; seguem soltos,
Na multidão vazia e sem sentido,
Apenas parvos, loucos, os revoltos,

A velha escadaria não agüenta,
O mundo derrubado e destruído,
Gargalha a mocidade e nada tenta.

MARCOS LOURES

QUEM DERA...

QUEM DERA...

A sorte de encontrar quem não sabia
Durante a tempestade, naufragado,
O vento muitas vezes malfadado,
Fazendo deste sonho uma heresia.

Herméticos poemas, fantasia,
O beijo que foi sempre sonegado,
Atendo tão solícito ao chamado,
Porém sei que ninguém me respondia

Apenas minha voz num eco vago,
E bebo da esperança mais um trago,
Trazendo o grande amor dentro de mim,

Estúpida aridez, ermos carinhos,
Quem dera se pudesse; passarinhos
Veriam pelo menos meu jardim...

MARCOS LOURES

ESSA MULHER QUE NUNCA VEM

ESSA MULHER QUE NUNCA VEM

Aguardo esta mulher que nunca vem
E temo que jamais eu a terei,
Enquanto a fantasia perde o trem,
Eu procuro encontrá-la noutra grei.

Por sendas mais diversas caminhei,
Resposta se repete: outro ninguém,
Não posso mais lutar, já me cansei,
Apenas o vazio me contém.

E a noite solitária se aproxima,
Quisera ter do amor alguma estima,
Agrisalhando os sonhos, nada resta...

Morrendo pouco a pouco, sigo só,
Retornarei sozinho para o pó,
Que a morte à vida em vão, pra sempre empresta.

MARCOS LOURES

terça-feira, 23 de outubro de 2012

23/10


Há tanto que procuro o que não reste
Sequer neste horizonte mais tranquilo
E quando na verdade inda desfilo
O sonho se transforma em leda peste.

Ainda quando o todo não ateste
Quisera ter ao menos sem vacilo
Um dia mais suave, mas não vi-lo
E toda a fantasia morre agreste.

O prazo determina a forma trágica
E nada se apresenta como mágica
E salve num momento apropriado

Enquanto quis um tempo bem mais lúdico
A vida se moldara e neste lúbrico
Cenário eu sigo sempre abandonado.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

PUDESSE SER AMADO

Pudesse ser amado

Ah,
como te quero ...
Esta ânsia de
me entregar
e ser
amada por ti ...
(ivi)

Pudesse ser amado e me entregar
Aos sonhos mais sublimes e perfeitos
A vida passaria devagar
Eterna claridade em nossos leitos

Pudesse ser amado e divagar
Sorrisos e alegrias meus direitos
Minha alma eternamente num cantar
E os dias de esperança em paz, refeitos

Talvez felicidade fosse além
Do simples aguardar por este alguém
Quem um dia já se foi pra nunca mais.

Minha viola canta esta esperança
Minha alma; etéreas sendas vai e alcança
Estrelas se acumulam nos bornais...

MARCOS LOURES

OS SONHOS DE QUEM AMO

OS SONHOS DE QUEM AMO

Compartilho dos sonhos de quem amo,
Desejos tão iguais em amizade.
De uma árvore, parelho cada ramo
Vencendo lado a lado a tempestade.
Nas horas mais difíceis eu te chamo,
Pois sei que encontrarei a liberdade
E a cada novo passo sempre tramo
Certeza de viver sem falsidade.
Não tendo mais palavras pra dizer
O quanto é necessário o bom abrigo
Pressinto que encontrei raro prazer
Que é feito deste braço bom e amigo.
Permita ao fim de tudo agradecer
O fato de poder seguir contigo...

MARCOS LOURES

PRAZERES ETERNOS

PRAZERES ETERNOS

Prazeres quando eternos se perduram
E mostram uma certeza a cada passo.
Os erros do passado nos torturam,
Porém a cada dia um novo traço
Nos olhos que em amores sempre juram
A vida vai ganhando cada espaço
As dores que encontramos já se curam
Na doce mansidão feita em abraço.
Não tenho mais temores, te garanto,
Nem quero ter decerto dor e pranto,
Pois sinto vir no vento esta esperança
Do amor que se faz luz e fantasia,
Em plena tempestade vem e guia
Deixando a solidão só na lembrança...

MARCOS LOURES

PROTEÇÃO

PROTEÇÃO

A estrela que nos guia
Não deve morrer jamais
Pois que, um dia...
Ele em nós, a fez brilhar
E ainda que cesse o tempo
E a luz se faça ofuscar
Há em algum lugar,
Um manto estrelado
Tal qual as asas de um anjo
Que abrirá os braços, pra nos abraçar!

Helena Grecco

Dos anjos, proteção é o que desejo,
O passo vacilante diz tropeço,
Se tanto quanto amor eu não mereço
Ao menos de um carinho algum lampejo.

O nada no futuro enfim prevejo,
Não tendo mais paragem e endereço,
O todo de minha alma eu te ofereço,
E a paz tão cristalina, até almejo;

Mas sei quanto é difícil abrir a porta,
Se a minha sina cada vez mais torta
Apertando o meu cinto, a queda é certa.

No arcaico quadradismo de um soneto,
Um novo amanhecer busco e prometo,
Mantendo esta janela sempre aberta...

MARCOS LOURES

PROCURANDO VOCÊ

PROCURANDO VOCÊ

Sento em meus pensamentos.

Se as palavras não me vêm,

É porque me falta assento

Na palavra poesia.

Karlinha


Quantas vezes eu procuro
Encontrar palavras, frases,
Mas se o céu se encontra escuro
Lua tem as suas fases,

Vou olhando sobre o muro,
Esquecendo as minhas bases,
Cevando num chão tão duro,
Minha mão não tem mais ases.

Poesia segue solta,
Não consigo segurar,
Procurando à minha volta,

Volta e meia venho a ti,
Vendo o raro versejar
Água pura que bebi...

MARCOS LOURES

FINGIDOR

FINGIDOR



Poeta, uma Pessoa fingidora
Que mente tanto quanto diz verdade,
Vertente destes sonhos, digo agora,
O quanto da distante realidade

A dor que sem demora se decora
Da mais divina e tosca claridade,
Porém a poesia, esta senhora
De eterna e prevalente mocidade...

Jogado pelos mares e marés,
Enfrentando oceanos e riachos,
A soma do que embarco, diz galés

Porém como poeta, um libertário,
Não digo fogaréus, tampouco fachos,
Somente sou apenas carbonário...

MARCOS LOURES

PRAZERES ETERNOS

PRAZERES ETERNOS

Prazeres quando eternos se perduram
E mostram uma certeza a cada passo.
Os erros do passado nos torturam,
Porém a cada dia um novo traço
Nos olhos que em amores sempre juram
A vida vai ganhando cada espaço
As dores que encontramos já se curam
Na doce mansidão feita em abraço.
Não tenho mais temores, te garanto,
Nem quero ter decerto dor e pranto,
Pois sinto vir no vento esta esperança
Do amor que se faz luz e fantasia,
Em plena tempestade vem e guia
Deixando a solidão só na lembrança...

MARCOS LOURES

AO FIM DA LUTA

AO FIM DA LUTA

Promete ao fim da luta uma vitória,
Um coração que a ti já se entregou.
Recebe em euforia tal vanglória
E mostra a perfeição que te moldou,
Não tendo mais tristezas na memória
Agora que meu rumo te encontrou,
Mudando num momento a minha história
Contigo ao infinito, sempre vou.
E vejo ser possível nova sorte
Calando o meu destino aventureiro.
Nos braços de quem amo tal suporte
Não deixa o passo ser titubeante
Quem tem amor sincero e verdadeiro
Decerto, nesta vida é um gigante.

MARCOS LOURES

EM TUA COMPANHIA

EM TUA COMPANHIA

Recebo a luz em tua companhia,
De toda uma esperança, convencido,
Do quanto desejava e bendizia
O passo bem mais firme e decidido,
Moldado em santa paz e em harmonia,
Trazendo o meu destino resolvido,
Realizando enfim a fantasia
No vento da esperança recebido
Aprazo em noite clara o sentimento
Que molda a plenitude, num momento.
Trazendo um canto alegre e solidário.
Querida, minha amiga e companheira
A Terra se vestindo em glória, inteira
Festeja assim o teu aniversário.

MARCOS LOURES
22/10

Além do quanto o tempo me traria
Vestindo a mesma farsa de um passado
Já tanto noutro tom abandonado
E a noite se mostrando atroz e fria.

Quisera tão somente a poesia
E neste caminhar agora invado
O tempo sem sentido e neste enfado
O canto se moldando em ironia.

No jugo aonde tanto me entranhaste
A vida se desenha e sendo um traste
Apenas acredito no final,

Errôneo caminheiro sem paragem
Procuro pelo menos nova aragem,
Mas sei do meu engano, enfim fatal.

ME PROVOCANDO

ME PROVOCANDO

Faltava pelo menos a presença
Daquela que se fez a mais gostosa,
A noite que passamos foi tão tensa,
Depois de certo tempo, a gente goza.

Amor não é decerto uma doença,
Tampouco, te garanto, perigosa,
Porém não sei de nada que convença
A moça tão gentil e melindrosa.

Um cheiro no cangote, um cafuné,
Jurando tanto amor, não adianta.
Cansado de tomar um pontapé

Eu viro minhas costas e me mando,
Não vou ficar parado feito planta,
Ela não quer, só fica provocando...


MARCOS LOURES

PILÃO DE SOCAR ALHO

PILÃO DE SOCAR ALHO

Revendo a minha mãe neste quintal
As tardes de domingo, as preferidas,
As roupas se quarando no varal,
As velhas alegrias esquecidas.

O almoço temperado, amor e sal,
As sortes no presente divididas
O bem andando ao longe, vence o mal
Por mais que enfrente ainda tais ermidas

Que o tempo nos demonstra e o mesmo nada...
Outrora bem Al dente o macarrão,
Socado com carinho no pilão

A bela fantasia bem tratada
Crianças vão correndo no jardim
Volvendo o que melhor existe em mim...

MARCOS LOURES

EM CONTRADANÇA

EM CONTRADANÇA

Em contradança encontro nossa dança
Que trança as pernas plenas num bailado,
Quando alças nossos sonhos mão avança
E toca sutilmente o bem guardado.
Se exprimo o meu desejo de criança
Amanso o coração que cora ao lado,
Meus víveres se fazem da lembrança
Da dança que esqueci, tempo passado.
Mas suo em cada passo com vontade
De ter sem ter disfarces diapasão
Batendo bem mais forte o coração
Que sabe seduzir felicidade.
Menina, fases, frases, fazes festa,
Amor tocando a mente, gozo atesta...

MARCOS LOURES

TUA IMAGEM

TUA IMAGEM

Tua imagem, satânica e covarde,
Retrata muito bem o que nós fomos...
Apodrecendo em vida, tantos gomos,
A morte se aproxima sem alarde.

Não tendo fantasia que a retarde,
Terminam desde já; todos os tomos,
Carcaça do que outrora ainda somos
Nos olhos de quem vê; penetrando arde...

Titânicos e hercúleos, meus embates,
Somente esta derrota por medalha.
Perdendo sem pudor cada batalha,

Não quero salvação sequer resgates.
Apenas prosseguir a minha sina,
Na boca que me beija e me assassina.

MARCOS LOURES

NESTE CANTO

NESTE CANTO

Amiga e companheira neste canto
Demonstro quanto quero o teu querer,
Vencendo as dores frias, posso crer
Que a noite nos mostrando um leve manto
Permite se encontrar tamanho encanto
Aonde o bem decerto há de vencer
Fazendo da alegria um bom prazer,
Secando com carinho cada pranto
Descubro em teu olhar, belo farol
Guiando cada passo que for dado
Em busca da esperança, um girassol,
Ao olvidar as dores do passado,
Perfaz em nossos dias, claridade,
Nos passos mais perfeitos da amizade.

MARCOS LOURES

VELHOS FADOS

VELHOS FADOS

Pedir perdão por todos os pecados
Seguindo o peito aberto, destemido.
Jamais poder pensar estar vencido
Os sonhos muitas vezes destroçados.

Restando tão somente os velhos fados,
A noite se emoldura num gemido,
E tudo o que quisera, está perdido,
Abraço-me ao Senhor dos desgraçados.

E quase posso crer em salvação
Embora a cada abismo um novo aviso,
Irônico, sem nexo, o meu sorriso

Traduz o que pensara solução.
Matar os meus enganos, ser fiel,
Afasto-me das redes do teu Céu.

MARCOS LOURES

MENINA AMADA

MENINA AMADA

Eu quero te beijar, menina amada,
Com doce fúria intensa em mar revolto,
O pensamento livre leve e solto
Chegando junto a ti, na madrugada.
Beijando tua boca com carinho,
Sentindo o teu respiro junto a mim,
Poder dormir contigo, abraçadinho,
Pois és a flor perfeita de um jardim
Regado com total felicidade,
Por velho, mas ardente jardineiro,
Que sabe deste amor tão verdadeiro
De quem, poeta sabe que a verdade
É feita em versos, sonhos e desejos,
Por isso, eu quero sempre e mais teus beijos

MARCOS LOURES

domingo, 21 de outubro de 2012

DESEJO ILIMITADO

DESEJO ILIMITADO

Também trouxe um desejo ilimitado
De ter a formosura da morena,
No corpo derramei doce melado
E a língua se mostrou audaz e plena.
Depois do teu prazer ter saciado
A noite se mostrou curta e pequena
Deitamos, de mansinho lado a lado
E a noite adormeceu calma e serena...
Amanheci e fiz com mortadela
Uma omelete cheia de carinho.
Um cozinheiro bom só se revela
Depois, na sobremesa que fizer.
Doce mel que me deste, açúcar, vinho,
Em toda variedade que quiser...


MARCOS LOURES

NOS TEUS LÁBIOS

 NOS TEUS LÁBIOS

Encontro, nos teus lábios mel tão doce
Da vida, com certeza, néctar puro.
Teu beijo extasiante já me trouxe
O paladar divino onde me apuro.
Amar-te, assim querida, é como fosse
Ter claridade intensa em céu escuro.
Que o amargo desta vida enfim se adoce
E a maciez invada este chão duro.
Teu corpo desejado em cada abraço
Entorna com prazer, fogo e melaço
Nos quais eu me esbaldando, sou feliz.
Um vício que inebria e me entorpece
Maçã que tanto quero e se oferece
Na tez que desejei e sempre quis...

MARCOS LOURES

ESTAR SEMPRE EM TEU SONHO

ESTAR SEMPRE EM TEU SONHO

Estar sempre em teu sonho... Uma delícia
Que mostra quanto é bom estar contigo.
Em teu rosto tão calmo, uma carícia
Calada num sorriso; mal consigo
Conter minha vontade e com perícia
Eu beijo com ternura e assim prossigo...
Teus lábios se mexendo com malícia
Os braços tu me estendes... Nada digo.
Apenas me deitando do teu lado,
E nós recomeçamos nosso jogo.
Aos poucos no caminho vislumbrado
Acendo meu desejo ardente em fogo.
Depois, enamorado, então te abraço...
E sonho colorido, nem disfarço...

MARCOS LOURES

HÁ TEMPOS

HÁ TEMPOS

Há tempos que procuro esta alegria
Que posso desfrutar contigo, agora;
Um verso de um poeta me dizia
Quem ama sabe a dor que já lhe aflora
Espero ansiosamente que este dia
Amanhecendo nunca vá embora.
Ouvindo tua voz, qual melodia
Que em poesia imensa nos decora.
Não chamo fantasia à realidade,
Presentes nós estamos – lado a lado
Teu canto inebriante, extasiado
Trazendo para mim, felicidade,
Invade cada verso que eu fizer
Querendo ser só teu, minha mulher...

MARCOS LOURES

EM NOSSO CÉU

EM NOSSO CÉU

Estrelas mergulhando em nosso céu
Pequenos vaga-lumes salpicando
A noite colorida por pincel
Beleza de teus olhos transportando.
Quem dera se pudesse qual corcel
Nos campos gauchescos galopando
Chegar já de noitinha em teu dossel
E aos poucos, mansamente vislumbrando
Teus olhos, meus faróis, estrelas guias...
Poder estar contigo a noite inteira
Em sonhos deslumbrantes, alegrias...
Até que o sol raiando nos flagrasse
Juntinhos, de manhã, e nos tocar,
E tudo novamente, começar...

MARCOS LOURES

PARA VOCÊ

PARA VOCÊ

E me banho
nestas fontes
de águas cristalinas
relembrando nossas
carícias, nossa paixão,
nosso Amor ...
(ivi)


Mergulho nestas águas cristalinas
Banhando-me dos sonhos mais felizes
Estrelas vão vagando, meretrizes
Mil luas observando tão ladinas...

A ninfa se desnuda e me irradia
Matizes tão diversos e brilhantes
Cometas sem destino, galopantes
Transformam negra noite em claro dia.

Satélite de ti, entorpecido,
Hipnotizado, calo-me e navego
A um mundo até então desconhecido,
E a toda esta beleza; enfim me entrego

Perdendo o que me resta de juízo,
Tocando com as mãos, o Paraíso...

MARCOS LOURES

SAB0RES DELICADOS

SAB0RES DELICADOS

Sabores que me encantam delicados
Encontro nos teus lábios, doce mel,
Na pele em avelãs, divino véu
Em tons divinamente bronzeados.
Teus seios em desejos bem marcados,
Romãs que levarão decerto ao céu,
Deitada e já desnuda em meu dossel,
Comer destas maçãs e sem pecados.
Na boca sedutora uma cereja
Que mal se toca, logo se deseja
Numa úmida delícia carmesim.
Prazeres natalinos e diuturnos
Nos jogos matinais, fogos noturnos
Sabores encantando até o fim...

MARCOS LOURES
 DE NOVO SOLIDÃO

É duro despedir-me de quem amo,
Parece que metade sai de mim.
De novo a solidão. Mas não reclamo
O dia nascerá de novo, sim.
Amor que em versos, cantos eu proclamo
Trazendo toda a glória eu tenho, enfim.
Vivera tanto tempo em que uma noite
Morria simplesmente sem aurora,
A vida se mostrava duro açoite
Cortando minha pele, mas, agora
Sabendo que depois deste pernoite
Jardim feito alegria, manso, aflora
Em rosas multicores e trará
Outra alvorada; em luzes, chegará...

MARCOS LOURES
21/10

Nas tramas de uma vida que buscasse
Vencer as mais diversas agonias
Ainda em florescências me trarias
A sorte em diferente e mansa face.

Ou mesmo quando o tempo se moldasse
Ousando nas estranhas euforias
Marcadas por extremas ironias
E nisto vejo o frio desenlace.

Presságios de uma nova solução
O canto se desenha e desde então
Meu prazo em derrocada nada traz,

O medo se apresenta em tal fastio
E sigo enquanto o sonho eu desafio,
Sabendo ser deveras mais tenaz.

sábado, 20 de outubro de 2012

20/10

Ocasos de uma vida sem sentido
Percebo o fim do jogo, mas persisto
E sei que no final um sonho misto
Traduz o que pudera e nunca olvido,

As sombras da esperança o tempo unido
Vagando sem saber sequer se existo,
O manto já puído e não resisto,
Apenas deste sonho vou munido.

Acelerando o passo nada vejo
Somente o que sinto em vago ensejo
Emoldurando a tela feita em sonho.

Seduzes com palavras mais sutis
E sei do quanto tento e nunca fiz,
Enquanto o meu caminho eu mal proponho.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

19/10

Não mais acreditasse noutra sorte
Que trame novamente alguma luz
E sei quando a verdade reproduz
O sonho sem temor quando o suporte.

Gerando a sensação da plena morte
O prazo noutro tanto me conduz
Ao verso quando resta em mera cruz
Sem ter sequer quem mesmo além aporte.

Presença inconfundível da esperança
Que tanto venha após e enfim me lança
No imenso fogaréu onde me perco,

A vida aumenta aos poucos cada cerco
E traça com vigor esta amargura
Que mesmo após o sonho em vão, perdura.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

ATÉ FICARMOS SACIADOS

ATÉ FICARMOS SACIADOS

Nesta dança
sensual,
vamos nos amar
até o dia raiar ...
(ivi)


Dois corpos nesta dança sensual,
Desejos emanando à flor da pele,
E enquanto aos desvarios nos compele
O encanto passa a ser consensual.

Não tive em minha vida nada igual,
Destino que o prazer sem medos sele,
Na força da loucura em que se apele,
Fazendo do delírio um ritual...

Arfando numa intensa tempestade,
Até que o dia trague a claridade,
Sobejas maravilhas desvendadas...

Mergulho sem temores nos teus mares,
Tentáculos diversos, calabares,
Vontades satisfeitas, saciadas...

MARCOS LOURES

AMOR, MEU GRANDE AMOR

 AMOR, MEU GRANDE AMOR

Amada eu te proponho mais que um sonho,
Viver cada momento sem temor,
E enquanto nos domina o sacro amor,
Um verso mais sublime até componho,

E quando nos teus braços eu me enfronho,
Qual fora neste mar, mergulhador,
Percebo quão magnífico o calor,
Jamais será o amor mal enfadonho.

Aceite os meus propósitos mais loucos,
Os ritos mesmo que pareçam poucos
Podendo nos trazer completa luz,

O corpo que desnudo vejo agora,
Promete a fantasia sem demora,
E teso de vontade, me seduz....


MARCOS LOURES

AONDE ESTÁS?

AONDE ESTÁS?

E a noite
se alonga
até
eu te encontrar ...
(ivi)


As horas vão passando lentamente,
Ponteiros do relógio torturando,
Há tempos que eu estou te procurando
Virás ao fim da noite, finalmente...

O tempo me contempla cruelmente
Pergunto desde sempre, como e quando
O dia nascerá suave e brando.
Porém a realidade chega e mente

Outra noite vazia, sem ninguém,
Apenas este frio que ora vem
Dizer que é tudo inútil, tudo vão...

Porque não poderia ser feliz?
Minha alma como velha meretriz
Ilude novamente o coração..

MARCOS LOURES

ANOS DE CHUMBO

ANOS DE CHUMBO

Ouvindo Summertime; fim de tarde,
Revejo cada cena que vivemos.
A vida se transforma e sem alarde,
Barqueiros vão trocando antigos remos.

Recordo das carícias escondidas,
As mãos audaciosas, lábios quentes,
Em meio às multidões, vagas, perdidas,
Dois corpos juvenis, adolescentes...

Comprei pro Festival último ingresso,
Torcer por Disparada do Vandré,
Meu pai vê na Tevê Repórter Esso,
Num sonho libertário, tenho fé...

Amigos que ficaram no caminho,
Da imensa confraria, vou sozinho...

MARCOS LOURES

CONTEXTOS

CONTEXTOS

Um texto num contexto bem exposto
Transmite tudo aquilo que se quer,
Porém quando; entretanto, foi mal posto
Resta sem correção, vira um qualquer.

Morena, coxas grossas, belo rosto,
Exemplo da beleza da mulher.
Faz bem ao meu olhar. Com tanto gosto
Que venha da maneira que vier...

Mas logo cai o pano, é fim de peça,
Tolice que este estúpido confessa,
Servindo de comédia ou besteirol.

Prefiro me inserir em outra história,
Que mesmo que pareça merencória
Jamais embaçará tímido sol.


MARCOS LOURES

O TEMPO

O TEMPO

O tempo diz de todo temporal
Que embora ventania, quer bonança,
E quando o ser imenso, uma criança
O verso faz da brisa vendaval,

Querendo para amor simples aval,
No quadro é necessária a confiança
E quando a sorte chega e me afiança
Ao menos garanti meu carnaval.

Cavalgo sobre estrelas, se preciso,
Não tenho e não terei paz e juízo,
Cadenciado passo? Sou galope...

Por isso não trotando sou tratante,
Salvando o que inda resta; delirante
Bastando ao belo sonho que amor tope...

MARCOS LOURES

INERENTE

INERENTE

Em devaneios trago esta esperança
Risonha de intocável majestade…
Tramando para a vida, temperança,
Apenas me tocando, veleidade...
Um sonho que se faz pura fiança
Tal qual fosse um delírio/ realidade.
A mão que quando busca nada alcança
Identifica aqui a liberdade
Os meus olhos procuram pelo corpo
Porém em total éter se desfaz
E qual fosse um fantasma que eu encorpo
Domina minha vida totalmente,
Poder que neste mundo ninguém traz,
Existe em plenitude. É inerente...

MARCOS LOURES

PALAVRAS SEDUTORAS

PALAVRAS SEDUTORAS

Desejos que em lirismo são divinos,
Palavras sedutoras, sensuais,
Querendo me aportar em manso cais
Encontro em teus carinhos, meus destinos.
As rotas que tracei, sem desatinos
Encontram nos teus braços, tanta paz,
Embora em minhas veias tropicais
Às vezes os meus versos não são finos
Porém eu te proponho amor sereno
Com tal sofreguidão de quem adora,
No vinho, sei que há curas ou veneno
Depende da dosagem que se der.
Eu quero neste instante, ter a aurora
Maravilhosa em forma de mulher...

MARCOS LOURES

AMIGO... DA ONÇA

AMIGO... DA ONÇA

Negócios são negócios; disso eu sei
Armaste uma arapuca para mim,
O que fora amizade chega ao fim,
É dura, mas assim é que anda a lei.

Portanto não se importe, eu me ferrei,
Deu praga no canteiro e no jardim,
Melhor ficar então, amigo assim,
Esqueça, pois a ti, esquecerei...

Um último detalhe; quase aviso,
Às vezes é preciso de um abrigo,
Contar como contaste assim comigo?

Eu arco com a conta e o prejuízo
Só quero que prossigas sempre em paz.
O resto? Vou correndo, mesmo atrás...


MARCOS LOURES

UM SONHO FANTÁSTICO

UM SONHO FANTÁSTICO

Um sonho tão fantástico eu persigo,
Sorrindo a te buscar, estrela guia.
Às vezes, na verdade, eu não consigo
Conter meu coração, louca alegria.
Seguindo cada passo, vou contigo,
Fazendo deste amor, a poesia
Que tantas vezes serve, a mim, de abrigo,
E em noites tão distantes me aquecia.
A fortaleza rara, inexpugnável,
Encontro neste canto tão amável.
Um porto para a vida, mais seguro,
Clareia num segundo, o mar escuro
Que tantas vezes, louco; eu naufraguei.
E agora, em teus carinhos, sepultei...

MARCOS LOURES
18/10

Num ermo caminhar em noite espúria
O tanto que perdera não revela
A sorte sem saber além da cela
Que possa transformar rude penúria.

E sinto tão somente a mesma incúria
Na ausência do que veja e quando sela
Destino noutro tom aberta a vela
Minha alma sem caminho bebe a fúria.

O pranto nos meus olhos, meu anseio
O rastro que deixaste e não receio
Sentir em profusão a ventania.

O tanto novamente se esvaíra
Deixando para trás cada mentira
Que a própria angústia traça e mesmo cria.

AMEI-TE MUITO ALÉM DO QUE PODIA

AMEI-TE MUITO ALÉM DO QUE PODIA

Não esqueça,
jamais,
que te amei
tanto, tanto, tanto ...
(ivi)


Amei-te muito além do que devia,
Pecados que cometo, vez em quando,
O tempo muitas vezes, nos guiando
Confunde a lua cheia com o dia.

Nos momentos fugazes de alegria,
O mundo parecendo bem mais brando,
Porém o dia a dia me ensinando,
Que tudo não passou de fantasia..

Amei-te muito mais do que me amaste,
Depois, sei que é comum algum desgaste,
Mas nunca imaginei não sobrar nada...

A lua que julgava eterna e clara,
Por entre nuvens foge e desampara,
Negando qualquer forma de alvorada...

MARCOS LOURES

ALVISSAREIRA

ALVISSAREIRA

Amiga, ao ver que estás sempre por perto
meus dias com certeza vão serenos.
Amanheceres belos, mais amenos,
oásis que encontrei neste deserto.
Meu passo que já fora bem incerto
encontra nos teus braços, dias plenos,
a vida que se encharca de venenos
demonstra um bom caminho, sempre aberto
aos sonhos delicados e gentis
de quem sabe que tem uma amizade
imensa e solidária companheira
Que a vida seja então bem mais feliz
banhada pela luz de uma verdade,
que sempre se mostrou alvissareira...

MARCOS LOURES

ROSA NA JANELA

ROSA NA JANELA


Olhando para a rosa na janela
Relembro cada sonho de um menino
Nas rosas multicores, aquarela,
As flores matizando meu destino
Percebo; em cada rosa, um beijo teu;
Carinhos e carícias sem ter fim.
O sonho do menino já venceu
E vive bem mais forte dentro em mim.
Poder dizer: eu te amo! Maravilhas
Que a vida me mostrou ser mais possível.
As rosas perfumando minhas trilhas
Fazendo de meus dias, os canteiros
Aonde percebi o aroma incrível
De amores tão gentis e verdadeiros...

FANTASIA SOBRE MÚSICA DE SERGIO BITTENCOURT

SACIADA

SACIADA

Quando êxtase derramas, saciada,
Percebo em teu sorriso a maravilha
De quem prazer e gozo compartilha
E sabe quanto é bom ser tão amada.
Numa entrega total, alucinada,
Seguimos, conjunção em mesma trilha
Qual lobo que se perde da matilha
Gemidos percorrendo a madrugada.
Eu quero ter teu gosto em minha boca,
Numa úmida explosão que determina
Sofreguidão intensa quase louca
Que me entorpece e sempre me alucina
Nas ânsias que se dão insânia pura,
Violentas convulsões viram ternura...

MARCOS LOURES

NÃO NECESSITA FALAR NADA

NÃO NECESSITA FALAR NADA

Amor, não necessita falar nada
Meus olhos já respondem tua carta.
Visão de noite bela, enluarada,
De cores e pendores; doce e farta.
Sentindo o teu perfume, minha amada,
Tristeza logo vai e se descarta
A sorte nos teus braços derramada,
Teu corpo de meus olhos não se aparta.
E vibro com desejos e vontades
O canto alvissareiro da esperança.
Promessas de festejos e de dança
Vibrando num momento, eternidades.
Sorrindo, o teu olhar já me anuncia
O mundo na divina poesia...

MARCOS LOURES

ESPESSAS NUVENS

ESPESSAS NUVENS

Entregue a tal volúpia no aconchego
Espessas nuvens; deixo para trás
E tendo no teu colo, meu arrego
Ascendo aos infinitos, sou capaz
De ver o quanto em mares eu navego
Na busca que bem sei ser pertinaz
Em meio a braços, coxas eu navego
E adentro por espaços, vou em paz.
Recebo este bafejo do prazer
Derramo meus carinhos sou tão teu.
O quanto que buscava se escondeu
No corpo desejoso. Eu pude ver
Então o que sonhara a vida inteira
Nos braços desta amada companheira...

MARCOS LOURES

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

CONJUNÇÃO

CONJUNÇÃO

Fálica conjunção, astros diversos,
Em ectoplasmas vagam infinitos.
Raiando em plenitude os universos
Tocados por esplêndidos conflitos.
Angelicais poderes mais perversos,
Enxames de corpúsculos benditos,
Unindo diferenças vagos versos,
Enaltecendo eternos, belos ritos.
Numa penetração fantástica uma vida
É feita em tresloucadas convulsões.
No úmido labirinto é percebida
Enchente que mergulha em profusões.
E do óvulo parado, este esquizóide
Planeta traga um espermatozóide....

MARCOS LOURES

EM MANSO CANTO

EM MANSO CANTO

A voz em manso canto me chamando
Convida para a festa dos sentidos.
Os dias calmamente vão passando
Deixando o sofrimento em dias idos
Do quanto te desejo, desfrutando,
Os sonhos se não vens, são desvalidos,
Perceba quanto estou aqui te amando
A tua voz chegando aos meus ouvidos...
Sou teu, tenha a certeza deste fato,
Embora amor às vezes doa demais,
Na bela doação eu me retrato
E teimo em te dizer do amor profundo
Que invade em noite clara o nosso cais,
Mudando, num repente o velho mundo...

MARCOS LOURES

FLORINDO ESTE CAMINHO

FLORINDO ESTE CAMINHO

Aos poucos vai florindo este caminho
Em rosas, dálias, lírios e jasmim.
Trazendo para a vida este jardim
Aonde refazemos nosso ninho.
Meu sonho adormecera tão sozinho,
Guardado bem recôndito e no fim
Ao receber de ti tanto carinho,
O mundo renasceu, sorriu pra mim...
Num átimo percorro belas sendas,
Enlaço uma esperança a cada dia,
Vivendo o nosso amor em poesia,
Segredos bem guardados tu desvendas,
Que paire sobre nós viva esperança,
No sonho em que se canta, em que se dança...

MARCOS LOURES

SONHO TROPICAL

SONHO TROPICAL

De um sonho tropical, louco desejo
Envolto nos lençóis, por ti coberto.
O coração batendo mais desperto
Sentindo este carinho que eu almejo.
Bebendo do prazer que já prevejo,
Querendo esta presença aqui por perto.
Orientando um rumo antes incerto
Numa delícia plena a cada ensejo.
Tu és a minha Musa, meu caminho,
Sentir o teu perfume junto a mim,
Tomando gole a gole até o fim
Do amor que sempre aquece o nosso ninho.
Teu corpo aqui desnudo e sensual,
Delírios deste sonho tropical.

MARCOS LOURES

BOULEVARD DOS SONHOS

BOULEVARD DOS SONHOS

Dos mares, navegante mais aflito
Mergulho meus delírios tão audazes.
E busco teus olhares no infinito
Com lábios com certeza bem vorazes.
Amar é conhecer de cada rito
Momentos mais felizes e capazes.
Tu sabes deste amor fogo bendito
E nesta sensação me satisfazes...
Quem teve em seu passado mundo insólito
Já sabe valorar nosso desejo,
Nós um só corpo, num monólito
Vagando pelo espaço sideral.
Em flóreas avenidas eu prevejo
Um boulevard de sonhos, sensual...

MARCOS LOURES

VOLÚPIA

VOLÚPIA

Atendo com volúpia ao teu chamado
E vou mais que depressa descobrir
Teu corpo tão cheiroso e delicado
E louco de vontades, impedir
Que faças outro gesto tresloucado,
Pois quero novamente repetir
Amor que a gente fez, louco e safado
A noite inteira até o sol surgir...
Pois sei que estás sedenta e eu também...
Rever tua nudez tão deslumbrante
Bebendo desta fonte delirante
Que em bela inundação, comigo vem...
Vontade de sentir de novo o cheiro
Que vem deste teu corpo, amor trigueiro...


MARCOS LOURES

ARTIMANHAS

ARTIMANHAS

Coração tem artimanhas
Velhas manhas de mineiro
Que por trás destas montanhas
Já conhece o mundo inteiro,

Caipira, sim senhor
Sem vergonha do que falo,
De tanto falar de amor
Viola criando calo,

Cantador jamais se cansa
De sonhar com quem deseja,
Minha mão grita esperança
Quando o coração lateja...

É por isso que eu te quero,
Meu amor por ti, sincero...


MARCOS LOURES

AMOR ETERNO

AMOR ETERNO

O teu cadáver beijo com brandura,
Afasto então as moscas carpideiras,
As honras usuais e costumeiras,
A campa que te espera é fria e dura.

Depois de tantos anos de procura,
Das esperanças fiz tolas bandeiras,
As horas escorregam, vão ligeiras,
O amor? Não posso crer que exista cura.

Abraço mansamente o corpo inerte,
Bem antes que a verdade me desperte
Eu sonho com momentos que não tive.

Daqui há poucos dias, nada resta
Senão a podridão crua e funesta,
A morta, mesmo assim ainda vive...

MARCOS LOURES

TER ALGUÉM

TER ALGUÉM


Queria simplesmente ter alguém
Em quem pudesse sempre confiar,
Poder chamar, às vezes, de meu bem
E que ajudasse, amiga, a caminhar.

Enquanto a vida passa e ninguém vem,
Procura alguma imagem decifrar,
No olhar que vejo aqui, ou mais além,
Porém já me cansei de te esperar...

Levando a minha vida deste jeito,
Acordo de manhã, faço o café,
Não perco as esperanças, tenho fé;

À noite quando só, triste me deito,
A insônia minha antiga companheira,
Desnuda já se entrega, vem inteira....

MARCOS LOURES
17/10

Não quero acreditar no que viria
Ousando noutro tempo e mesmo assim
Vagando sem saber princípio e fim
Do sonho que vivesse em fantasia,

O corte se aproxima e não traria
Sequer esta expressão dentro de mim
Matando quem buscasse ter enfim
Nas mãos esta ilusão em alforria.

O preço a se pagar não vale a pena
E o tanto quanto tente me envenena
No caos gerado após a solidão,

Mergulho nos anseios mais diversos
E tento apaziguar dias perversos,
Porém já não veria a solução.

LEDO ENGANO

LEDO ENGANO

Amar e ser amado... Ledo engano.
A vida nos prepara esta armadilha.
Viver na solidão de uma amarga ilha
O amor é quase sempre vago e insano.

Aos poucos abaixando o negro pano,
A peça terminando; o fim da trilha...
Triste ilusão fere enquanto humilha
O coração espera; pois humano...

Ansioso escuto este chamado
Que atravessando a noite se revela,
É o vento assoviando na janela

E o tempo de sonhar? Abandonado.
Queria ser feliz... mas, desencanto...
A morte me aquecendo. Negro manto...

MARCOS LOURES

SERENATA

 SERENATA

Serenata quando faço
Pra essa moça tão faceira
Estou pedindo beijo e abraço
Companhia a noite inteira…
Cada ponto que assim traço
Lua cheia verdadeira,
Dou o nó, aperto o laço
E não marco mais bobeira,
Quero o gosto da menina
Nesta vida, uma princesa,
A mulher diamantina,
Na janela, com certeza,
Abre o peito e a cortina,
Tão gostosa sobremesa...

MARCOS LOURES

terça-feira, 16 de outubro de 2012

16/10

Transborda num segundo o mar em mim
E bebo deste sal como pudesse
Trazer nesta expressão divina messe
Chegando mansamente ao ledo fim.

E quando me percebo de onde eu vim,
A luta noutro passo me enlouquece
E vejo o quanto rude desmerece
O tanto que quisera, ou mesmo assim.

Não vejo solução e não procuro
Singrar num tempo rude e tão escuro,
Procelas e borrascas, meu naufrágio.

O corte na raiz de uma esperança
A vida cobra enquanto ao vão se lança
Marcando em suas mãos o gigante ágio.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

AMAR TÃO SOMENTE A DEUS

AMAR TÃO SOMENTE A DEUS

Por não seguir pastores ou Igrejas,
O amor que tenho a ti, não tem medidas,
As almas sem paragens; vão andejas,
No fundo sem ter rumo, estão perdidas.

Servidas num banquete em tais bandejas,
Histórias tantas vezes destruídas,
Batalhas infiéis, duras pelejas.
Palavras de Jesus são esquecidas...

Já não suporto ouvir tolices tantas,
Num turbilhão fantástico estas santas
Usadas friamente para vendas...

Milagres a granel, podres figuras,
Que enganam idiotas com tais curas,
Fazendo de uma crença torpes vendas...

MARCOS LOURES

TROFÉUS

 TROFÉUS

Os céus com seus troféus tão prateados
Que em forma de luar argentam tudo,
Um sonho onde o querer demais saúdo
Com versos e sentidos demarcados
Meus cantos de louvor apaixonados
Encontram teu carinho como escudo,
O coração deveras fica mudo
E os batimentos tão acelerados
Permitem decifrar estes enigmas
Formados pelo ardor destes estigmas
Que afloram no meu peito a cada dia,
Eu quero o nosso amor sem mais tropeço,
Aos cantos da paixão eu obedeço
Pois tenho todo amor que eu bem queria...

MARCOS LOURES