quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Cerzindo dentro d’alma o que em tormento
sonhara um dia, prenhe d’esperanças,
Quando em menina, inda usando tranças,
Olhando teu semblante, exposto ao vento.

Escavo no meu poço de lembranças,
Por entre escombros meus, no pensamento,
Saudades orvalhadas, ao relento,
Dos tempos de verdores, de pujanças.

Os sonhos destruídos, esgarçados,
Eu vou cerzindo, um a um, querido,
Juntando, pouco a pouco, os seus pedaços.

E recomponho assim, entre os mil laços,
Os sonhos, que sonhando hei vivido,
Nas asas desses tempos já passados

Edir Pina de Barros

Revejo dos escombros os sinais
De tempos que se foram, tão somente,
E tento vislumbrar qualquer semente
Que possa renovar belos florais.

Porém a primavera? Nunca mais.
Apenas este outono que apresente
E dele o duro inverno já se sente
Em suas agonias terminais.

O sonho se perdendo no vazio,
O tempo se tornara mais sombrio,
O sol já se escondera entre mil nuvens

E sei que solitário sigo o quanto
Restasse desta vida em tal quebranto,
E tu- querida- tu já mais não vens...

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