Bordados co’os etéreos fios doirados
Do arrebol das tardes langorosas,
Daquelas que desmaiam preguiçosas,
Em meio a tantos raios purpurados..
Co’os fios de sonho, sempre assim bordados,
E co’o perfume, que provém das rosas,
Vamos tecendo estes versos, glosas,
Estes sonetos, sempre entrelaçados.
Cantar outonos, lindas primaveras,
O céu d’agosto, gris e mui discreto
A vida e a morte, sua travessia.
E versejar os sonhos, mil quimeras,
Entretecer os fios com muito afeto,
Urdir, tecer a rede de poesia.
Edir Pina de Barros
Ousar ter o poder de criação
Usando da palavra qual buril,
Gerar o que deveras não se viu
Ou ter no olhar diversa dimensão.
Viceja noutro ritmo esta explosão
Que possa ser fatal, rude ou gentil,
Porquanto destas teias emergiu
O que tantos; por certo, não verão.
E donos do que somos ou criamos
Podemos – capatazes, servos, amos...
Viver a eternidade em um segundo,
Alucinadamente entorpecidos
Tentando na ilusão, novos tecidos,
Pousando nossa nave em novo mundo.
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