03/07
Se a vida, pouco a pouco, já s’ evade,
Qual folha seca, que se vai co’o vento,
N’ outono d’alma, solta ao relento,
Rolando pelas ruas da cidade...
Se aos poucos se declina a nossa vida,
Qual delicada rosa esvanecente,
Que há de se tornar também ausente,
Depois de perfumar a nossa vida...
Há de se ir co’o vento , à revelia,
A alma do poeta , mui chorosa,
A peregrina alma trovadora...
Há de seguir seu rumo, céus afora,
Deixando seu perfume, qual a rosa,
O seu legado,em forma de poesia.
Edir Pina de Barros
Palavra qual semente que se leva
Distante sem tem freios nem obstáculos
Tramando em ressonância seus tentáculos
E nisto produzindo rara ceva,
Invade com seu brilho a rude treva
Ultrapassando mesmo os vãos oráculos
Gerando os mais diversos espetáculos
Ou quando incendiária; também neva.
O sonho desta etérea juventude
Reflete no que possa e não ilude
Apenas concretiza um velho sonho,
Um velho caminheiro se renova
Ousando num soneto ou numa trova
Viver o quanto quero e aqui proponho.
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